domingo, 31 de julho de 2016

As vezes eu tenho a impressão de que as coisas não estão realmente acontecendo. Que se eu olhar pela janela agora, num instante mais rápido que um piscar de olhos, o grande olho vai estar observando. E ele constantemente está. Mas tudo isso não passa duma introspecção sem valor nenhum. Afinal, eu sangro. E as vezes a gente se esquece disso. Nenhum monologo faz sentido se você está realmente sozinho. As palavras rebatem na parede e deixam você lento, com o olhar distante. Lendo uma página do mundo em língua ininteligível e irracional. Aquele momento de loucura lucida separado pela mesma linha tênue que distingue uma noite de luar de junho do som dos pássaros pela manhã.

De todo instante vivido se vale o lirismo nos momentos de transformação. A nova poesia é estiagem morta encharcada com novos souvenires. É como o inverno chegando a todo momento durante o outono, que por sua vez lembra o perecer das estações vivas do verão e da primavera. Que as mudanças carregam lembranças de um presente morto, não há dúvida.

Em novos tempos, o relógio dos velhos desperta adiantado.

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