segunda-feira, 29 de setembro de 2014

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

fraqueza.

Copo após copo
vejo seus rostos
um apos o outro
desviarem seus olhares culpados. desistentes.

o observador no bar tem o direito
eu diria até que nao tem escolha...
tem o fardo
de permanecer calado

expressando sua loucura
apenas com seus olhos enferrujados
ah coitado do observador!
tao carente. tao obstinado.

aquele que nao pertence
ja nao mostra mais os dentes enfurecido como em outrora
ele apenas sorri e pede mais uma cerveja


(estes barulhos de bar me entorpecem.)


mas afinal
que lugar teriam para sua voz
confusa cheia de gaguejos ironicos incovenientes
eles nao entenderiam...
que lugar teriam para sua hipocrisia!
"te olhas no espelho homem decadente"!!


ah.... 



ja se passam horas
e nenhum pedido é mais atendido
nao teria mesmo mais dinheiro.

jogado e ja na rua 
enquanto caminha para seu ninho
seus gritos silenciosos ecoam pela noite
na inconsciencia dos alheios.

nenhum grito de socorro tem resposta
e quando escuta algo, vindo de longe como uma ultima esperança, continua na mesmice,
observando a eterna carentice global.

tantas palavras jogadas fora
na luz das estrelas rasteiras
que passavam como um vulto fascinante
despercebidas pelo observador palpitante bebado
exasperado
sem gosto nem cheiro

de pupila dilatada
e olhos vazios.

que desgosto me da
ser o observador
se nem isso consigo faze-lo!
nao queria faze-lo.

enxergo um inimigo no desespero.
ansioso por ter uma vez a função cambiada!
a criatura que por todas as vezes observa
deseja euforica apenas uma vez, uma é o que basta por hora,
ser finalmente,
por aqueles que tanto desprezou praguejou desejou e invejou!..
observada.

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Depois de um longo dia, sento-me no sofá. O roupao de seda toca minha pele e meus movimentos parecem leves, nao aparentam estar carregados de duvida. Finalmente mais um ato se encerra. Mais um dia de teatro encerrado. Acendo um charuto com os olhos semi-cerrados. Olho para os tantos quadros na parede, e muitos me proporcionam lembranças de emoções pequenas junto a luz fraca. Olho para as cortinas balançando com o vento frio, observo tambem a lareira. Uma vez eu vi um velho instrumentista tocar para o fogo. Relembro a canção, cada movimento das labaredas é o tilintar de seu instrumento. Passo mais alguns segundos fumando e tentando me lembrar. Acabo deixando pra la. Sinto minha boca se encher de fumaça. Resolvo tragar.
       Quase morro de tosse e tenho pensamentos tristes. Vou até a cozinha pego um copo dagua sem acender a luz. As sombras tomam vida sombria na calada da noite. Lembro-me de quando era mais novo e tinha medo das sombras. Escrevo do futuro para que saiba que nada mudou. Volto da cozinha sem ligar muito para meus pensamentos. As chamas da lareira agora estão fracas e as cortinas deixam escapar o brilho da lua de lá de fora. Levanto-me. Sinto o pulmao ainda fraquejar e doer. Gosto da sensação. Observo a dança das cortinas junto a luz da lua. Apago o charuto.
       Saio para tomar um ar. Descalço. É inverno e o ceu está lindo. Lembro-me de mamãe segurando meu irmao no colo e cantando canções sobre as estrelas do ceu de junho. Se soubesse como sinto por essa epoca. Tanto faz. Ponho as maos no bolso do roupão. Deleito-me com a sensação do frio. Sinto todo o meu corpo ser abraçado pela corrente de vento. Meu nariz é o primeiro a congelar. Sinto o calor de meu peito se esvair e minhas pernas se abalam. Nao consigo parar de olhar para o ceu e o conjunto de sensações me faz entrar em transe. Caminho um pouco e sinto a grama em meus pés extremamente fria. As plantas parecem nao sentir frio. A noite sorri melancolica junto a minha alma.
       Entro no quarto, as cobertas, os travesseiros, minha esposa. Tudo como deixei momentos atras antes de me levantar. Tudo como deixei na noite de ontem e na noite antes dessa. Tudo respira. Os moveis. Os livros. Tudo e todos observam. As portas. As janelas. Todos dormem. O silencio puxa a cortina da desesperança e tudo desaba, deixando apenas uma deliciosa sensação de verdade e pureza na natureza da noite.

terça-feira, 9 de setembro de 2014

Preciso me concentrar. Só tenho 24h a partir desse momento para viver o dia de amanha. Vou passar 4 horas dormindo. Vou passar 8 horas trabalhando. Entao preciso me concentrar para viver amanha. Sem enrolação. Hoje o tempo passou, mas amanha nao passará.
    Queria apertar sua mao até que seus olhos saltassem das orbitas de surpresa, por te-la quebrado. Onde ja se viu, tirar 10 dias de folga logo no primeiro mes de trabalho. Sigo apenas com o olhar carismatico que cabe a maioria das pessoas, e contraio a face numa expressao simpatica com um sorriso forçado, que talvez tenha acabado com o ultimo resquicio energia moral que me restava. Agora sento-me em meu lugar e reflito sobre a maioria dos acontecimentos passados recentes. Nao, pera, ta muito cedo pra isso. Pensando bem eu deveria ter ficado na cama. Levantar as 4 da manha pra trabalhar... com computadores... cara, isso nao é vida. Quer dizer, se fosse pra trabalhar com alguma coisa real... mas são só computadores cara. Faço só parte de uma merda de uma roda gigante de uma multinacional, que precisa das engrenagens perfeitamente lustradas e livres de consciencia pra fazer-se girar. Enfim, nao fiquei na cama e cá estou eu no onibus da firma. Dormi apenas duas horas esta noite. Ultimamente minha vontade de dormir tem ido embora. Mas HOJE essa raiva toda me deixou com sono. Ah merda esqueci o cinto agora vou ter que aguentar o dia inteiro sentindo minhas calças caindo. Enfim, ainda está a noite, e as luzes passam como passivas e vazias pela janela abafada do onibus. Ninguem mais abre janelas de onibus hoje em dia.
   Decido fazer o que quero. Pelo menos o que esta em meu alcance entao escancaro a janela. Está frio. Nao me importo. Pelo menos nao estou tendo que dividir a poltrona ao lado. Nao sei porque mas me da certa repulsa dividir a poltrona ao lado. Sou meio grande, e odeio ter que lidar com situações vergonhosas para com o meu tamanho. Nao odeio meu tamanho, mas odeio saber que as pessoas pensam dele, tipo cara se liga na sua vida. Queria me esticar na poltrona sem ter que me preocupar. Mas dai se eu divido a poltrona tenho que me limitar a um espaço bem pequeno e isso é bem irritante. Dividir a poltrona com alguem que come frango frito vendo os programas de domingo a tarde tomando skol e que gosta de todo aquele abuso mental escancarado só porque alivia o stress me deixa bastante frustrado. Nos ultimos dois dias viajei. Foi uma viagem muito bacana. Melhor do que a ultima pelo menos. Dessa vez nao teve ninguem que ficasse se fazendo de babaca. Só eu, mas ah isso é de praxe. E eu poderia ser mais babaca, mas eu nao sou. Da ultima vez tive que disputar a atenção com um tipinho que se fazia de cetico e todos lambiam seu pau por causa disso. "Nao lambiamos o pau dele", sei la, nao foi isso que eu vi. Enfim, foda-se.
   O som do vento passando a toda pela janela escancarada me tranquiliza e seduz. Esqueci a escova de dentes em casa mas isso nao importa muito. Ja vou preparando minha mente para fingir o dia todo. Fazer umas piadas sobre putas, falar sobre traseiros alheios, sobre como meu colega é bixa e sobre como a empresa fede. Esse é o estereotipo de caras do meu escritorio. Se nao é assim é um cara com oculos fundo de garrafa que se preocupa muito. Me da muita raiva gente que se preocupa muito. Parece gente sem perspectiva, mas com potencial sabe. Eu me preocupo muito de vez em quando. Queria trabalhar com arte. Nao que eu ache minha musica muito boa para que eu pudesse tocar na rua ou ter uma banda, ou que meus poemas sejam otimos para que eu possa publica-lo em um livro razoavelmente bom, mas eu queria. Queria causar emoções nas pessoas. Pra que elas voltassem no onibus num dia chuvoso, lembrando o que aquele garoto loiro disse pra elas na hora do almoço enquanto elas corriam apressadas, deixa-las com aquele olhar voltado para um unico ponto e faze-las se lembrarem de que o mundo é infinito em possibilidades. Mas estamos todos presos. Nao escrevo bem e nao canto bem. Alias nem tocar bem eu toco. Talvez eu tenha um pouco de insipiração as vezes só isso. Inspiração 10 coragem 0. Ultimamente eu tenho tido mais vontade de pintar sabe. Parar numa sala branca, bem clara, com paredes e um pano bem surrado e sujo pra servir de tapete no chao e nao ter mais nada na cabeça exceto a combinação de cores e sons que exprimem o modo como me sinto. E pintar. Mas faz tempo que nao sinto. Desde que comecei a controlar meus impulsos nao choro mais tao facilmente. Nao sei se isso é bom ou ruim. Nao sei mais como usar as palavras tambem. Sou um artista amador em decandecia. Puxa, meu futuro vai ser brilhante.
   Voltar da viagem me deu certo desespero. Estar la foi muito bom. Escutar a musica do mar. Repensar a vida. Repensar "amores", dores, repensar pensamentos. Só de nao pensar nessa merda toda de tar nesse onibus querendo morrer ja foi bom demais. O mais merda de tudo isso é que a gente se conforma cara, depois de um tempo percebe que "nao é tao ruim" mas é sim seu caralho de ser humano! Porra, merda. Só depois de uma viagem para uma cidadezinha quase deserta, com pouca gente indo pro mar é que se percebe que a vida na cidade é uma desgraça coletiva. Sobre repensar amores, um dia me falaram que "achar graça e desejar o novo é facil, dificil é achar graça e desejar o dia a dia". Concordo 100%. Ponto. Meu objetivo de vida é esse agora. Talvez quando eu conseguir eu me torne menos rabugento de novo e mais sociavel, como eu era um tempo atras. Nao que eu esteja tentando alcançar meu objetivo mas enfim. Conheci muita gente nessa epoca e eu era muito feliz. Era nessa epoca que eu chorava pra lua. Pra como os passaros se colocavam em seus ninhos. Enfim, quando eu aproveitava a vida em sua totalidade. Nao digo que nao cresci ou evolui, ou que perdi isso pra sempre. Só que tudo está nublado. Tudo cheio de culpa e sufocante, como as nuvens que pairam rasteiras sobre a rua.

terça-feira, 2 de setembro de 2014

as Bela s lagrimas, do ceu Cáim.



observo desta parede passivo
o encanto de tua face nublada
com o choro que apos um relampago de verao cai
repleto de experiencias

escorrem em mim emoções sofridas.

teu canto na calha de meus cabelos
denuncia uma gripe por vir
meu pulmao ja respira arduo e abafado
gotas como as tua em breve irao cair

e vao cair!
e vao cair em vao
por perder sua cabeça e fazer de tua identidade
o espelho de um caos.

como doi o desespero de um homem
de ser cego a si mesmo
diferente de sua manada
da vontade de ser gotas do ceu
mas no fim ser apenas mais uma janela embaralhada.

domingo, 24 de agosto de 2014

De um modo ou de outro

Preciso me controlar

Ignorar a voz
o alter ego
que repira dentro de mim
E sussurra palavras de desconfiança.

A voz artistica da depressao
que habita meu ser
O parasita indesejado.

Sinto-o se movendo.
Está perto do coração
E se bate, ó deus como se bate!

sábado, 23 de agosto de 2014

Tenho tudo.

Tenho a minha mae
tenho a beleza de suas palavras
tenho braços e pernas quebradas

tenho sob a luz da lua
minhas livres maos em meus bolsos
e nao tenho rumo.
tenho tudo em meu coração.

tenho tudo, no nao ter.

tenho os pés descalços
tenho um lugar na terra e um lugar no mar
tenho frio tenho meias e cobertores.

as tristezas de teus pelos sao minhas tambem
e tenho uma paixao tao minha
que nao pertence a mais ninguem.

tenho um vicio na tristeza
das lagrimas que escorrem das pedras no cais
do sorriso e do amor que depois de uma primavera intensa
por fim
se desfaz.

tenho vicio nas coisas que lhe fazem divagar eternamente
no caos inerente.
tenho vicio da areia branca bege
tenho vicio na musica e no silencio e no vinho e no vento.
tenho no silencio, alias
meu desespero.

tenho meus olhares nas coisas inertes
tenho belo no feio
o feio no belo
o feio no encatador
e o explendido no abominavel

tenho todos os dias!
e todos os dias retenho.

todos os dias retenho no subconciente as lagrimas por sofrer tanto,
por ter, enfim, um cerebro quebrado

e um coração de partido em mil pedaços.
O vento sopra em meus ouvidos
e sussurra as palavras que iluminam
e ventilam as ruinas de minhalma

nao há coisa igual como a canção do mar
e por tanto tempo
vaguei sem intento pelas infancias da terra.

em direção ao oceano me jogo cego
e iludido.

um dia qualquer ja pensara
que poderia passar bem longe
desse destino de profundidade maritima

mas como o marinheiro relutante é atraido pela sereia
às ondas impetuosas
ele sede
e mais uma vez se ve perdido em alto mar;

a terra o fita
mas o vento lhe golpeia o coração
com mil danças
de inspiração

a brisa e o oceano!
ah
me sinto ao mesmo tempo vivo
e morto outra vez.

quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Enquanto o sax perfura minha alma
meu desejo por sua voz me hipnotiza
a cada dia mais e mais!

Sao poucos os encantos dessa vida
que me fazem ter em coração
tais desejos como os dessa musa!

Essa canção
fixa meus olhos em ritmo acelerado
teu batimento contraditoriamente

des
      acelerado.

Meu foco ja perdido
procura agora o arrepio de outro instante
mas é quando menos espero
que tua face brilha encantada em meu horizonte
e de novo
tenho em mim
teu semblante!

Ah tantas notas e harmonias
tua constante ousadia
musica terna musica
quando vai te renderes
e te tornaras de uma vez por todas
minha amante?

domingo, 12 de janeiro de 2014

minha antagonia poesia

Ando pelas paredes
escrevendo em cores psicoticas
em letras de forma aformicas
o rastro de meus olhos famintos
impacientes
cinzas.

Numa ocasiao de poesia choro.
Penso em tuas maos sujas
descoloridas
seu rosto tao feio
muito mais do que outros
e ainda assim é o unico que cabe ao meu.

tenho vontade de corta-la pela raiz
e quando lhe esfaqueio por 13 vezes
tenho por sentimento a dor
da ferida que ME cavas.

ignoro-te num canto frio
e por dias
te lamento.

porem depois de meses de busca e silencio
percebo que tenho em ti
a unica ternura e afeição
indesejada e repugnante do meu intimo.

com nojo do teu halito
e uma tristeza mortal e arrogante causada por teu sorriso
volto aqui a escrever em teu ventre

poesia.