quinta-feira, 12 de novembro de 2015

27

na biblioteca o que toca
é o silencio turbulento
do arrítmico emocional.

calvo,
nevado

o aluno observa os livros calado.
consegue esquecer de si um minuto.
mas o torpe flerte com o saber
é acido

diante dos holofotes
se ve nu e perdido

o fluxo do rio traz sempre o dobro de sedimento de palavras perdidas.
o temerario muro do conhecimento ergue-se e instiga-lhe sussurrando um doce
 "mais"
todas as estantes formam uma grande muralha.
canalha!
é um livro apenas!
com apenas um nome.
nome que lhe da as costas
e de cada poro
lhe vaza lodo.

carrega-o pra cima e pra baixo
e tudo que resta
tudo que por instinto ainda goza

é ambiguo.

"quarta dimensao de um quarto de conhecimento
onde as frações só se multiplicam
e cada palavra passa a ser fração de outra
e outra palavra apenas a fração de mais outra"

em meio a tiroteios entre livros
nomes e palavras
o estudante para e olha para cima

sao tres fileiras
de nove lampadas
grandes
iluminando o salão.

domingo, 1 de novembro de 2015

skynet

tempestade de areia engole a cidade.

o contorno do corpo morto,
e o dedo na cara do defunto garganteando sem parar
pintam a parede.

vazam do caixao
espiritos que cairam da cama.

"trocaram a memoria por bytes
bite me
8x8
64
"
desembarque pelas portas
que recorram ao incendio da cabala
embala o livro.

dê um mapa do nilo
para o guarda do labirinto.

"figure nas estrelas
o espaço entre aquiles e a tartaruga
mil e duzentas
milhas
de pensamento
por segundo

pra viajar em caravelas
a 9 nós nauticos
"

                                                     
suicidio oval
orquestral
                                                                                   ?

sociedade do defeito

perfeito
fone nao funciona direito
musica morta em seu leito
sujeito
inquieto
espectro
sombras em forma de luz
reduz
a noite ao centro repulsivo
de tudo aquilo que nao vou mais sonhar